domingo, março 11, 2007

"Tentando fazer o certo em tempos incertos"

Aquele estágio pelo qual choraminguei o ano passado inteiro finalmente saiu. Se por um lado estou aliviada, por outro aquele velho sentimento de inutilidade foi substituído por uma série de outros que vão desde a insegurança desmedida, passando por processos de somatização e crenças disfuncionais ativadas. Eu não abro mão do meu título de eterna insatisfeita por nada. E não falo isso cheia de orgulho...eu definitivamente não me orgulho de ser uma histérica, o que me conforta é o fato de eu não estar só no mundo.

Experimentar essa diversidade de sentimentos realmente é um fator que leva ao crescimento (ao menos eu espero com todas as minhas forças). Estou treinando minhas habilidades sociais como estudante de psicologia, como pessoa que pode ser paciente e capaz de realizar seu ofício da melhor maneira possível, como “figura de autoridade” que eu não quero ser. Além de tudo isso, ainda tenho que fazer um exercício interno diário pra me livrar dessa insegurança que ainda vai me matar. No mais está tudo certo, é só uma questão de adaptação.

Lidar com pessoas definitivamente não é fácil e eu levei uns quatro anos pra ver na prática como era. E se as pessoas estiverem numa faixa etária de 2 a 15 anos, o trabalho torna-se significativamente mais difícil. Um dia desses uma criaturinha de três anos me perguntou se eu já tinha cem anos. Levando em conta a falta de maturidade cognitiva e a referencia que ela tem do tamanho de um adulto, relevei o comentário e segui em frente. Mas num outro belíssimo dia, um moleque de treze anos me perguntou se eu gostava de rock quando era mais jovem. Fiz cara de samambaia como se não tivesse entendido a parte do “quando era mais jovem”. (como assim??? Eu sou MUITO jovem! Quase um bebê). Foi então que ele jogou essa bem na minha cara: “Você já deve ter uns 31 anos, não?”. Foi um soco no estômago. Só não sei se o pior foi isso ou a cara de estupefato que ele fez quando disse que tinha só 24 anos.

Levando em conta as mesmas referências de cognição que já havia citado, nesse caso, levei pro lado pessoal. (hehe). Pra completar a cena bizarra ele afirma no auge da sua experiência infanto-juvenil: “Tia, você é muito tímida, dá pra perceber de longe!”. Ótimo!!! Minha insegurança anda sendo detectada por menores de idade ao redor do mundo. Ô coisa linda de Deus! É por isso que eu tenho medo deles, principalmente por que tenho dificuldade de me reconhecer nas atitudes que vejo. Tenho uma impressão estranha de não ter vivido minha adolescência. É por essas e outras que estou seriamente tentada a fazer um curso de teatro e de freqüentar uma fonoaudióloga, pra ver se eu aprendo a me fazer escutar.

Bem, entre uma frustração e outra vou tentando me acostumar com essa vida de responsabilidades adultas e confesso que estou um tanto assustada com certas escolhas e com essa dinâmica maluca de ser “dona do meu nariz”. Não é fácil ver as pessoas indo embora por também estarem assumindo outros significados e aspirações pra própria vida. Acho que esse é o momento em que cada um toma seu rumo, o que for mais conveniente e mais satisfatório. Estou numa fase de luto do tempo que passou. Sinto saudades da época em que não era necessário me afastar das pessoas que gosto pra poder crescer.