sexta-feira, outubro 05, 2012

Se beber, não paquere: outras possibilidades para sair do anonimato afetivo

CAPÍTULO 1: SAÍDA COM OS AMIGOS PRA CURTIR A “NIGTH”


Imagem: Pulp Fiction: Tarantino, 1994



      Seduzir alguém é tarefa desgastante pra quem não tem habilidades mínimas. “Ir à caça” não é mera força de expressão ao se tratar deste assunto. Você tem que estar preparado física e intelectualmente. Como se diz em termos biológicos, tem que estar preparado pra fugir ou lutar. Uma vez preparado, é preciso coragem, energia e improviso para lidar com situações não planejadas. É preciso também estar pronto para as eventuais pancadas. Há que se ter robustez. Sair com os amigos para a “nigth” pode significar enfrentar uma selva quando se pensa em paquera. Enfrentar a concorrência (que pode ser, inclusive, autoboicotes) pode provocar feridas de guerra. 
      No capitulo de hoje veremos como é a arte de não seduzir alguém em ambientes públicos como boates, barzinhos (barezinhos?) e similares. E a dica de ouro é a inspiração para a criação desta série: se beber, não paquere.

      Vamos às possibilidades:

    Nessa situação específica existe um grande problema que precisa ser resolvido para que os outros, encadeados a este, possam se solucionar: aquela falta de vontade, disposição e movimento quando se fala em sair pra balada. É preciso ter um mínimo de disposição e autoestima pra querer expor a própria figura na rua e isso tem que ser trabalhado horas, dias e até meses antes do grande evento. Uma vez resolvido este problema que é o maior impasse, à priori, é hora de pensar em outros entraves relativos ao início, desenvolvimento e conclusão da noite.

A CHEGADA

     A pior atitude nessas situações é não olhar à sua volta, não avaliar as alternativas. Geralmente quem não tem um repertório de sucessos na paquera ou no namoro desenvolve mecanismos de defesa poderosos que até cumprem seu papel, mas não dão oportunidade de desenvolver habilidades que podem levar ao sucesso da conquista ou à tolerância à frustração. Levar nãos (contanto que não seja sempre) também pode nos ajudar a suportar os fracassos e a saber conviver com eles sem esmorecer. Portanto, não olhar em volta faz com que oportunidades sejam perdidas e ninguém vai saber que é porque você é míope.

O DESENVOLVIMENTO

     Depois de algum tempo em que você já foi vista e avaliada e que também já avaliou muita coisa deveria ser comum que alguém “chegasse junto”. Infelizmente, na atualidade, com o advento da independência feminina, não é bem o que acontece, por isso todas as falas ensaiadas sobre comentários inteligentes e engraçados a pretensas investidas não vão ser colocadas em prática, a menos que você tome a iniciativa. Mais uma vez: há que se ser ter coragem. É preciso ter inteligência pra improvisar. No entanto, os desprovidos de senso de sedução jamais conseguiriam tomar a iniciativa e ir à luta, mesmo que já tivessem tomado quase um tonel de cerveja. Nesse momento, o medo do não vem travestido de autoconfiança e orgulho. Logo, esperar pretensas investidas pra que você possa colocar o texto ensaiado com tanta dedicação em prática nunca dará certo. E é sério.

FIM DE NOITE: 

     Aqui as possibilidades se tornam escassas e não há muito o que fazer, até mesmo porque os sinais de cansaço, decepção e derrota já estão estampados na face torta e borrada devido à ingestão de álcool durante horas. Neste instante, numa tentativa desesperada e tardia de correr atrás do prejuízo, aquele charminho ao segurar a garrafa de cerveja com todo aquele ar de quem sabe o que quer já não cola mais. Poderia até dar certo se a pessoa ainda mantivesse suas faculdades mentais em ordem, já que um gesto fálico denota sempre poder, mas não é o caso. O que aconteceria, de fato, é que, ao cerrar os olhos e jogar o cabelo pro lado, as probabilidades de cambalear, tropeçar e até sair pela tangente seriam altíssimas e isso tornaria a pessoa menos dona do mundo-sedutora-determinada e a faria parecer mais uma alcoólatra-carente-míope e pouco criteriosa em fim de festa. Portanto, não tente bancar a sedutora quando não conseguir mais ter controle sobre a própria consciência ou quando já estiver afetada pela exagerada ingestão de álcool.

Lições do capítulo de hoje: mantenha a autoestima em dia, mas isso não significa chegar à conclusão de que ninguém está à sua altura. Seja seletiva, inclusive com os nãos que você dá. Procure manter o bom senso e a coerência – o que implica em segurar a onda em ambientes públicos, principalmente bares e boates que estimulam a bebedeira. Por fim, não dê ouvidos a receitas de como seduzir ou não seduzir alguém. Quem avisa amigo é.

Trilha sonora sugerida: A FÓRMULA DO AMOR (LEO JAIME)

Trecho para citação: “Eu tenho a pose exata pra me fotografar. Aprendi nos livros pr'um dia usar. Um certo ar cruel de quem sabe o que quer. Tenho tudo ensaiado pra te conquistar. Eu tenho um bom papo e sei até dançar. Não posso compreender. Não faz nenhum efeito...”

Imagem: Pulp Fiction: Tarantino, 1994

quarta-feira, outubro 03, 2012

Se beber, não paquere: outras possibilidades para sair do anonimato afetivo.

      Existem pessoas que não são as mais indicadas pra ensinar sobre o amor ou sobre a arte de seduzir alguém, por pura falta de instrumental e repertório de conhecimento ou por preguiça de ir à luta. Porém ensinar como não se seduz também pode servir como ferramenta útil pra quem ainda tem fé em experimentar as emoções da paquera, da conquista, do namoro e dependendo das atitudes tomadas, do provável fim ou  - quem sabe, com sorte, de um enlace matrimonial - e aí sim experimentar o provável fim (ou não!).
      Logo, saber o que não se deve fazer também pode levar a estratégias mais positivas e mais funcionais. Geralmente esses mestres na arte de não seduzir imaginam demais como tudo deveria ser e tudo isso é obviamente induzido por um arsenal de seriados, filmes e trilhas sonoras que ajudam a criar o melhor roteiro existente na imaginação, mas que não acontece onde realmente importa: na vida real. Portanto, isto é mais um serviço de utilidade pública prestado por este espaço de divagações pra que os não sedutores anônimos (e todo problema reside no anonimato) possam refletir sobre suas posturas e tenham a oportunidade de promover pequenas mudanças na vida afetiva.

Vem aí a série: Se beber, não paquere: outras possibilidades para sair do anonimato afetivo.
Aguardem cenas do próximo capítulo.