terça-feira, julho 03, 2012

Última carta pra você!


Eu voltei porque eu precisava registrar as últimas palavras não ditas. Eu voltei porque preciso te dizer o que você precisa saber pra se sentir absolvido de uma culpa que, definitivamente, não é sua. Eu queria te dizer que agora não há mais ressentimentos, nem aquela dor no peito por não ter concretizado um grande amor. Eu queria te dizer que consegui elaborar o luto que me acompanhou por esses anos. Eu aceitei a nossa condição e estou em paz com isso.
Você continua sendo o homem mais bonito, gentil e inteligente que eu já conheci. Eu ainda sinto esse amor maior que eu e que a minha força de vontade. Eu ainda admiro tudo o que você é. O meu amor é o mesmo, mas eu aceitei a nossa condição. O que eu sinto por você é da ordem do platônico, do perfeito, do ideal. Esse amor que eu sinto jamais poderia ser maculado pelas experiências cotidianas, pelo desgaste da convivência e pelos defeitos humanos. É assim que nós existimos um pro outro. É assim que você precisa se manter existindo pra mim.
 Eu não quero ser repetitiva. Nem compulsiva. Nem obsessiva. Eu quero mesmo só dizer adeus, porque agora tenho certeza de que fechei um ciclo. Eu só escrevo essas últimas palavras não ditas porque ainda restou muita coisa aqui dentro pra guardar sozinha. É só uma medida preventiva, pra evitar esse engasgo que vem quando queremos dividir algo grande e não podemos.
Meu amor, eu sempre irei me lembrar de você, mas agora, pra mim, você é uma realidade distinta. Você é a referência de desejo que existe só pra me fazer recordar que o amor que quero viver é uma realidade concreta, mesmo que não esteja inserida na minha. Você será meu parâmetro de crenças saudáveis pra que eu não morra no desespero e na falta de fé. Pra que eu continue acreditando no homem da minha vida. Você é quem vai me lembrar que este homem chegará, ainda que minha ansiedade possa botar tudo a perder, ainda que minha lerdeza possa botar tudo a perder, ainda que minha teimosia possa botar tudo a perder.
Você não chegou a me amar porque não me conheceu. Eu também não te conheci bem. Mas esse amor fez e faz de mim alguém melhor, mais otimista. Esse amor também promoveu um amor próprio que eu desconhecia. Amando você eu passei a me amar mais e isso foi o maior bem que você fez a mim.